sexta-feira, 6 de julho de 2007

INTERVALO DO INACABADO

No intervalo do meu sentir, escuto-te, sinto a distância que me isola e não me deixa avançar… uma sombra contorna o mundo confuso e não me deixa decidir em tempo real! Adio uma vez mais todo aquele percurso dos dias felizes, enquanto tomas a realidade no teu corpo, essa, total.As palavras parecem-me confusas, numa gramática desadequada e o teu estilo assenta em princípios que ficam desadequados à minha maneira e ser. Afastas-te por modos masculinos e incrédulos sem que a obra fique completa e o silêncio complete o que escrevo. Esta minha maneira de ser sorve a ausência das palavras, inquietando-me um pouco mais e a verdadeira realidade é defeituosa. Agradeço as tuas palavras, essas imagens que foste capaz de colocar na minha alma, esse jeito único e todos os sabores que repartistes naquele dia, tudo foi perfeito, como se a perfeição finalizasse ali! Guardo na minha alma os teus anseios, as tuas dúvidas, o sabor da estrutura única e o complexo toma a consciência do mundo… o nosso mundo. Tu e eu fazemos a perfeição desta entrega, quando ela acontece, o resto é um fundo triste e sonolento das coisas últimas, entre os beijos do nosso espaço enorme. Liberto de tudo e de nada ainda escrevo no mesmo ápice das viagens inteiras, quando ficava alheio à tua certeza, aos pensadores dos jornais e apenas levava a minha conclusão inatingível, aquela que fez com que deixasses de existir. Tu não existes, a minha memória apenas conserva fragmentos de uma mentira inacabada. Episódios perdidos, repugnantes ao entendimento, ficando apenas a preocupação do sonho. É inútil renovar o diferente e cair na mesma asneira, essa mesma situação íntima agoniza e torna o deserto mais infinito. Vou-me embora, já escrevi muito lixo… tudo o que te dediquei foi lixo, nada mais do que isso e o que resta é cinza do mesmo.

09.08.2006 – 22:56h

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