domingo, 29 de julho de 2007

INSTANTES

Quero dizer-te algo, não consigo, o teu estado desencadeou em mim um instante, uma tensão que não consigo desbloquear, fiquei como que incapacitado de agir. Estes fenómenos remetem-nos para a incapacidade de lidar com a situação. A situação é a obra do instante… perdeste com isso, ainda que eu me tenha tornado noutro, por motivos de mudança. A mudança opera, transforma… esta é a actividade de circunstância.
A vida é um instante que já terminou, um ápice que escapa aos mortais, um breve adeus entre os diversos adeus, para silenciar nos recônditos da eternidade. A vida é este instante de estar aqui e logo desaparecer dos pontos de controlo. Interrogo-me numa tensão constante sem que alguma resposta me cause acalmia, por mais consciente que seja das realidades. Este instante encontra-se em saturação, na própria tensão de existir. A vida suscita-nos interrogações todos os dias e a tendência é desvendar o que não se deixa mostrar… neste momento, a impotência do humano exibe-se na sua condição, face ao embate do nada. Evoco-te e de nada serve, nada passa da emissão de um som, como se fosses esse som… as coisas pautam-se por repetições de sons em circunstância.
As pessoas são pontos em movimento que se perdem lentamente. Todos tendem à extinção, mais dia, menos dia, esta é a verdadeira condição, é uma passagem, ao ritmo do tempo, por instantes não pensados.

12.05.2006 – 07:50h

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