Quadros da noite escura, no silêncio da janela, enquanto leio a tua mensagem, delicio-me, porque é tão bela!... Belezas do tempo, talvez entraves, talvez loucuras, são posturas. São sim... Pelas frechas da noite escura, recorto a saudade daquele embondeiro, aquele abraço que na minha alma perdura, que se sustenta o dia inteiro enquanto o meu pensamento viaja por mundos distantes e outros perdidos. O eco falou de ti, no cinzento arrepio, estendido, levando o olhar róseo a um coração tumultuoso. Esta energia benfazeja o desenho fecundo do olhar sem resposta que a memória congelou nos bosques cristalinos. Canto-te tomado pelo vento que inclina a cabeça invisível, enquanto adormeces nas palavras brevíssimas, nas súplicas da imortalidade consciente. O meu corpo reconhece os pormenores da estalagem, o equinócio da fraqueza, inebriante de beijos e desesperos, ante as sombras da fuga até ao infinito mistério que as borboletas tecem em torno do espelho.
Uma luz brilha e fere-me os olhos, cruza o meu diário esquecido e esse modo de lidar comigo é insensível, vazio, enceta a inquietação que depois da palidez sucumbe.
Sitio das flores, da luz difusa, do choupo, do embondeiro, onde a noite guarda o ruído que a consolação sacraliza, esta maneira de ser, de estar, de te falar, de pensar e de tudo o que possas pensar, sem que penses alguma coisa do que eu possa pensar que valide a minha passagem por aqui.
Amores passados, agora fora de tempo… uma efémera nostalgia de pequenas aventuras, já descabidas, perdidas e que foram algemadas no pátio nu e melancólico.
Porto, 07 de Fevereiro de 2007 - 23:37h
P.S. Para mudar um pedaço, embebeda-te das coisas de Monçambique! Os beijos ficam para mais tarde.
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