segunda-feira, 25 de junho de 2007

HORIZONTE ACOLHEDOR

Nos flancos amedrontados do tempo, os olhos rasgam as palavras, com o sorriso que se abre, sem hesitações. A vida acontece, esfumada nos limites que se prolongam, com as fronteiras do desejo, sorvendo as sílabas tresmalhas da pronuncia retardada, onde naquele tempo te encontrava.Uma palavra, outra palavra e todas essas palavras nada me dizem, talvez me tivessem dito naquele tempo, agora, apenas repetem aquilo que sempre foi dito! Dizes, e muito pouco dizes! O silêncio é um escudo que as horas sustentam, desenhando a arquitectura do olhar, aquele, o outro e o outro. Foi pelo olhar que te encontrei e pelo olhar te perdi, restando apenas o caminho aberto para o outro lado, aquele de que nada sei. Também nunca saberás nada… todo o saber esbate-se numa construção que leva muito tempo.Neste recanto quase inacessível, as pétalas da flor velha renovam-se, enquanto contemplo os ramos altos do sorriso da memória e o teu gesto não passa de uma solidão escondida. Ainda que não queira, nada posso fazer, o que resta é render-me ao tempo e ir na viagem derradeira, para o fim que não sei quando é! A beleza irrompe uma outra feição, face ao fascínio do horizonte acolhedor. Agora o sorriso inunda e sopra uma outra dádiva… voltaremos um dia.

Porto, 27 de Março de 2007 – 11:38h

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