quinta-feira, 21 de junho de 2007

A FACE DO EXTREMO

Violaste a palavra do amor, as contas que a luz lançou, na introversão do extremo, onde pude abrir o olhar, sereno comprometido nos flancos do céu sem cor… restando apenas a superfície inumerável do deslumbramento das coisas que não vês.A quietude das coisas impressiona-me… tu também! É mais profunda e habita o silêncio da luz, das balanças nos seus templos, ressonando e conquistando o brilho, esse que pensei ter conquistado, cheio da beleza desejada. Nada conquistei, apenas deixei tudo fluir, tudo muito lentamente, como o ar entre os meus dedos, entre a minha sorte, a sorte que não tenho, a que penso ter, a que ainda vou pensar e tudo o resto que fica disponível, isso mesmo que se apresenta indisponível, iludindo-me como se a possibilidade fosse mesmo possível. Chega de camihar no faz-de-conta que é apenas aparência, mentira, engano, anestesia… chega disso, o que sobra é literatura, lençóis brancos de poesia.Todo o esplendor transporta-me a um mundo imaginário enquanto outros vivem a realidade, e neste local assisto a outros sorrisos, esses que ficam dispersos e lentamente se diluem no rascasso azul do círculo do mar, entre o interior que aos poucos vou contornando sem contornar. Todo o esplendor é apenas um estado de não estar! Renasço-me na implacável luz, nos pensamentos profundos, na harmonia dos orvalhos e nas sombras que ajoelham todo o meu ser. Sim, este ser do qual tens a mínima percepção, todo labiríntico e desprovido de pendor, esse fulgor que pensavas que fosse tomado por mergulho do sangue e da brancura que se dispersa no silêncio sem nome. Liguei, apenas accionei a tecla, voltando a mesma à posição inicial, sem que houvesse comunicação. Estou, não sei como estou, estou no estado em que não estou bem, todo este estar é um estado ilusório, para um contentamento descontente, porque nada mais espero e desde aquele dia fui tomado pela ingratidão… sim, aquela à qual não sei definir e no meu orgulho morro no silêncio sem nada mais te pedir.

Grande Porto – 16 de Maio de 2007 – 11:02h

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