sexta-feira, 29 de junho de 2007

PALAVRAS DE SERVIDÃO

No tempo ofuscado pela palavra, entre palavras, teimo em ir mais longe do que todos os propósitos por mim conhecidos. Rompo a manhã com os lábios ardentes, embutido pela saudade e preparo-me para o dia de amanhã que me chama, provavelmente bem diferente e como marca na minha vida, a vida de entendimento e metáforas. Ergo-me com a saudade no peito, visto a outra roupa e apenas na imortalidade da distância coloco uma flor, encetando a perenidade da nossa relação, ultrapassando as pegadas que os primeiros animais houveram pisado. Apenas palavras de servidão… escuto uma música e a que escuto ainda não é a certa.Não é necessário invocar motivos ou preocupar-me com o quer que seja, quando tudo isso não serve para nada e o tempo já arrumou os assuntos, ainda que os mesmo se difundam em frases de maior extensão. Releio Virgílio Ferreira, faço-me passear pelas suas obras ímpares e invoco a palavra imortal. Um dia saberás…Não sei porque continuo a insistir naquilo que não tem significado, porque procuro completar-me com o que não completa, com o que está ultrapassado! É ridículo por vezes esta minha atitude, como se pudesse mudar o que não quer mudar. Tempo perdido, azedume a mais. Nada melhor do que a paz sem nome, o extraordinário do irrompimento… sim, nada melhor do que isso. Hoje e neste momento penso, bastante mesmo, penso nisto tudo que por aqui anda e necessito ir por outro caminho, devastando outras flores, ainda que silvestres, ainda que em momentos condensados, por uma transfiguração acentuada de sonho. Foz monossilábica do pensamento… Tentei fazer o meu melhor, sim, tentei, não nego isso. Confesso que pouco resultou e do que fiz, nada me arrependo. Entendo que o fósforo pode incendiar o mundo inteiro, tornando a realidade que está dada numa outra, ainda que em reservatório de mitos, ainda que com um nó na garganta a esmagar-me ou outra entidade que se junte à minha beira.Amanhã é outro dia… creio que a eternidade vive na minha alma ainda que da mesma se diga muito pouco, isso que seja credível. Onde mora a credibilidade? Onde? E a imortalidade? Diz… conta-me se fores capaz, se ainda a vida te sustentar!Releio algumas palavras por campos dispersos, em atalhos sinuosos, trilhos do ridículo e da servidão enquanto a chuva cai e as nuvens desenham imagens de saudade.

18.11.2006 – 10:17h

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