sábado, 30 de junho de 2007

NA FRONTEIRA DO SORRISO

Tenho a certeza que é isso, desde muito tempo. O ritmo da memória fixou um outro elemento que me faz pensar em ti como se a existência e sustento de tudo dependesse desta forma de pensamento. As fronteiras são apenas palavras…! Lembras tudo o que te disse? Recordas a cor dos meus olhos? As tuas palavras vazem cair todo o vazio que um dia escondi, renova toda a esperança estendida nas veias da memória. É disso que te falo! Naquele dia fiz-te pensar… sabes, é grande alegria recordar-te, saber que vives, que respiras, que caminhas. Como queria dar-te o que não tenho! Sinto pena de ser assim e viver no silêncio do infinito. Tanta coisa fica oculta, lançada ao náufrago da ilusão, nas veias do amor. Sinto-me triste por o amor ser um incêndio, uma possibilidade deslocada a um ritmo de imagem que se acende e apaga. Se fosse outro que pudesse ser tudo para ti, talvez a petição de princípio fosse mais fácil e consistente. Sou isto, dividido entre o orvalho e as folhas, um cheio de memória que estremece, ficando mais azul, tecido ao ritmo do infinito. Gostava de atingir a tua lembrança, ainda que inocente quanto a inocência que possuis, gostava de ser o teu gosto iluminado pela metade do teu desejo, ao silêncio das coisas que não se dizem.Guardo em memória a imagem da tarde… passas para o café e o local continua lá, sem a minha presença! Limito-me às horas pálidas, cheias de memória secreta. Anteparo de companhia recortada, habitualmente na penumbra do silêncio e enquanto tal, adormeço que nem todo o pensamento após o dia de trabalho, serviria para te descrever mais algum conceito do fantastico. Nestes meus caracteres difusos, traduzo as minhas formas digitais, expresso os meus sonhos, falo contigo sem que me fales, envolvo-me sem que exista envolvimento, mas, sou sempre aquele que te sustenta no coração. Lembras? Sublinho as palavras do R., vindas da marcha do tempo, com os frutos da passagem de ano que coloquei de parte, anestesiando os sonhos que adormecem. Por vezes sinto-me tentado em procurar-te, mas de imediato algo diz-me que não e sinto um aperto no peito.Tentaste, conseguiste… saboreaste e no gesto ergueste a fronteira do sorriso. Ficaste lá para sempre? Guardei as tuas palavras na alma, na realidade concreta do meu ser e prossegui nas calmas. Sinto-me calmo, apenas por vezes a saudade visita-me, são horas largas que se projectam no nada. O nada não pode ser compreendido, deixa em aberto o silêncio. É no silêncio que toca o telemóvel, acabou de tocar… um amigo a convidar-me para ir jantar… os carreiros do sorriso acenderam e o silêncio quebrou os minutos do pensamento direccionado para ti. Sabes, quero dizer-te algo, mas não consigo, falta-me algo, um algo que não consigo traduzir, apenas fico a saborear as sílabas da mente que conservo desde o primeiro segundo que te vi. Faz tempo e o tempo deixou de existir, apenas estou na fronteira do sorriso.

24.10.2006 – 23:32h

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