segunda-feira, 25 de junho de 2007

UM PONTO SEM REGRESSO

Fiz o meu percurso, quebro a aventura do silêncio, vou por estradas sem destino, pela rota do norte, acelero e corro, pareço um menino, não uso cigarro, também não tenho catarro, vou até ao berço da minha pátria. Fins-de-semana sempre fora, hoje diferente, entre mim, estranha gente, cafés da ocasião, interpelo, surge sempre uma opinião, uma nova situação que me prontifica a um novo desejo.Palavras além do instante, algumas saudades, das amizades construídas em outro tempo, daquilo que me parece fora da expressão, uma vida, toda uma unidade, a escrita, o grande sabor, o sorriso que se desvela num encanto sem limite, ante as vagas de um lençol branco… das coisas todas duvidosas.Asfixia atribulada no pulsar das palavras, neste paladar de nomes que desfilam de modo privado.Hoje não me apeteceu corrigir testes, apenas desenhei no olhar um poema de Safo, enquanto o telemóvel ficou no silêncio.Ligação ao reino do pecado, às promessas pungentes, esta afeição que ainda sustento ao imediato, encobrindo as palavras indizíveis. Piadas do sossego, do arrebatamento, sem herói, apenas numa folha impecável, esterilizada pela indiferença de tudo com tudo, no simples gesto em que escrevo.O coração não tem mais o lugar da prepotência das palavras e os sinónimos são insuficientes para completar o propósito da cerimónia.O sótão da infância guarda as primeiras recordações, dorme, sem personalidade e a euforia é um ponto final sem regresso.

Guimarães, 10 de Fevereiro de 2007 – 18:32h
Escrito no Café Óscar

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