sexta-feira, 29 de junho de 2007

ARQUIVOS DA RELAÇÃO

Ergo os olhos, empoleirado, apontando para lá das flores o teu nome, desenrolando a história da paciência divina, não da filosofia feita entre quatro paredes, aquela que tentam ensinar sem que pareça ter mais utilidade. A utilidade é uma estranheza idiota, fica de braços esticados e ombros emplumados, no silêncio batido das regras feridas, verifiquei isso pela tua atitude parola, enquanto enterravas os dedos na sombra pálida.Procuras evidenciar os teus objectivos, os teus, friso então. Avanças por outros atalhos para chegar ao mesmo sítio e lanças-te nas páginas húmidas do amor, por nuvens divididas que tentas fotografar. O mundo dos amantes por vezes arranha com a frescura agreste, e os esquemas lógicos não passam de bálsamo para a própria ferida… Certos relacionamentos estão embolorecidos, fogem da luz e evitam a praça pública. Os arquivos da relação encetam uma exegese por processos canónicos a um olhar especioso ainda que em passagem nebulosa tente mostrar o contrário. És uma relíquia perdida no tempo, envergonhada ao lado de uma história que se desculpa pelo seu orgulho e pela metáfora decadente. Reivindicas a glória de um passado que não regressa, face a um desfilar incessante de nomes, alguns estratificados no tempo. Este diálogo que encetas é conflito matricial ainda que erudito e de soluções subtis, como a fuga de provocar curiosidade…Essa posição hermética pretende o que não faz sentido, um conjunto organizado de filosofemas de impenetrável descodificação, isso que numa relação ou amizade é colocado ao lado. O extremo rigor, sucumbe pela falta humanismo, apenas ficam teias de aranha convertidas ao dogma, o que sempre fui contra. Chega, essa postura transvestida de racionalidade, converte-se num dogma, disfarçada sob um manto espesso de silogismo, sem espírito crítico e dialógico. Posição sectarista de relação! Rudeza de um espírito atordoado… imune às vivências de eterismos, impraticável, a uma postura cómoda. Aberração dos sentidos, nada mais do que o plano da imediaticidade. Esse pretexto é a desculpa do amanhã, feito marketing num relatório arquivado, mercadoria tabelada e normalizada, aos critérios de futilidade, ainda calculista e economicista. Critérios de consequência… ter uma amigo assim com quem se possa relacionar, será bastante aflitivo, mas o facto é que existem pessoas desta ordem… enfim, o sentido do mundo está em construção. Não vou nas tuas conversas, fico ao lado ignorando a tua postura… são apenas arquivos da relação.

01.11.2006 – 03:53h

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