sexta-feira, 29 de junho de 2007

PROPÓSITO E SITUAÇÃO

Tomado nas ondas do pensamento, nas suas agitações envolvo-me na tua nudez, ainda que classifiques tudo de impróprio, no nome dos nomes sem pátria ou situação diferente que tome o meu coração. É profundo este sentir que se alarga nas costeiras, no estribilho da devolução e assim o envolvimento é mais consistente, sem dor nem ondulação. Digo-te que em dia de vendaval voltarás, na noite larga, desigual, sem medos nem sombra, apenas tomada pelo amor, o eterno, a pequenez dos desígnios, sem rosto e no rosto atento.Entendo agora, enquanto mergulhado no colapso do tempo, ante a fragilidade do corpo incompreensível. A grande história é a devolução do sentido, esta que fulmina o tempo e se agiganta pelas avenidas escritas do observatório.A firmeza é apenas um embrião do propósito, com algumas paragens de sombra, onde a febre arde, num anonimato indecente. Esta é a mediação das palavras oxidadas, o desespero do reino, tomado de lágrimas sem rosto. Muito além do azul a morte quebra todos os segredos, igualando o bem e o mal, pela mesma medida, ao cumprimento da eternidade adormecida.Neste percurso entornado de flores venenosas dedico-te um poema, para cobrir a tua ausência, a modéstia da palavra que ainda sobrevive, num suspiro crepuscular, inchado de nomes sem significado. Entendo o teu desejo, leve, meio atónito, pela levedura do intragável.Redesenho todo o meu desejo violando a angústia que me parece inchar, por palavras badaladas que noutro tempo possuíam maior significado.Acendo nos meus lábios uma nova métrica, entre o sorriso trágico e nostálgico e fico contigo dentro dos electrões que circundam nas órbitas do átomo! Vives dentro de mim, no poço profundo do espelho, com o sangue e a espuma, removendo a ruína que não tem mais tecto. Piedosas intenções, aquelas que escreves, tentando a libertação por ti almejada.Crise lamentável da forma, das engrenagens, talvez do afago, o último que te dei, que me deixou sossegar na impaciência.Deixo-te as ilusões vazias de medida, apenas com o sentido enxovalhadas, quase impossível de focagem, a um propósito situacional.

23.11.2006 – 17:40h

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