Venho falar-te da saudade! Sim, isso mesmo que estás a pensar… a saudade. Saudade? O que é a saudade? Saudade de quê? Dos amigos? Quais amigos? De mim, daquele, do outro e do outro? Que lhe fizeste? Porque os deixaste ir embora? Porque procedes assim?! Sabes algo deles? Como se encontram eles? Diz-me então? Diz-me baixinho, diz para que ninguém mais vá ouvir o que te estou a dizer... diz se fores capaz, mas diz mesmo e não fiques assim dentro de ti inventado o que não é.
Saudade, palavra que por vezes mata, essa maldita, essa pela qual tudo desfaz... Falas de amor! Mas qual amor? Diz-me, conta-me... sim, sabes, tenho um segredo para ti! Muito verdadeiro... pelo amor, podemos entender o outro e perdoá-lo! É verdade... não quero que fiques triste e se ficares, chora. Sim, chora porque também faz bem, mas lembra-te que muito do que se perde, foi realmente porque se contribuiu para que isso acontecesse. Não achas? Vá tem calma. Todos estão longe? Mas o que é o longe? E onde estão esses que tu por iniciativa colocas longe do acolhimento? Desprezas? Tomas isso como medida, como escudo, como a falsa protecção? Quantas vezes não te tentei dar uma palavra e tu... foste embora, nem disseste uma única para mim... simplesmente nada! E de quem é a culpa? Conta... vá diz lá! Nunca te incriminei! Então, não dizes? Sei que sentes saudade, sim, saudade dos dias bonitos, dos que por ventura olhavam para ti e lançavam-te um sorriso, esse esplendor, esse vigor das paisagens… tudo isso. Lembras? E agora? Como é? Calma! Ainda estás vivo... tem calma. Diz do que é e não do que não seja! Pensa um bocado... um bocadinho, e olha para quem está contigo, para quem te aceita, para quem te quer dar ainda uma oportunidade. Afinal, todos erramos, todos falhamos, todos sim. Consegues ouvir a minha mensagem, a minha voz? Melhor, consegues ler na profundidade e nas entrelinhas o que te quero dizer? Será? Não sei! Nunca te fiz mal algum... gostava de falar-te, olhar-te como sempre te olhei. Não lamento, compreendo, sei… mas, nas calmas deixa voltar de novo o sol. Estás receptivo aos novos olhares? Sim? Vá…estás à vontade, podes desabafar tudo, sim, disse tudo, sem rodeios, sem nada do que possa interferir na realidade, porque a maior realidade é ser-se o que se é e não o que os outros queiram que nós sejamos. Compreendo, tu és assim. Agora, poderei acrescentar... "triste saudade", a saudade que parece ter sido arrombada.
Grande Porto, 25 de Junho de 2007 - 04:39h
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