segunda-feira, 25 de junho de 2007

NAS TRÉGUAS DA INÉRCIA

Esbati-me contra o significado, por formas suficientes para virar o olhar, ainda que nada tivesse dito e por vezes diz-se sem se dizer. Escrevo porque é vital esta prática, desde tempos que já lá vão. Sai logo pela manhã, ancorei-me no café do costume, hoje um pouco com pressa e lancei um sorriso de acolhimento e nada faltou para que outros viessem até mim, não sei se teve a ver com o visual que hoje aprontei. Por vezes faço destas, perdi algum tempo, mas foi o que achei necessário. Cabelos em pé, um pouco de gel e o visual chamou a atenção. Coloração…Nada de rotina, apesar do dia em causa, nada de inércias… apenas acreditei em mim, ainda que o resto não funcionasse, porque disso também não me importo. Muito prático procedi. As palavras mexeram, deixaram o momento centrado e foram mais longe, incorporaram e tornei-me diferente.Nesta onda de pensamento, quase alcalino, temperei a tua fonte, e guardei o silêncio da tua opinião… apenas recordei o abraço que me deste com muito apego. Ondas seguidas de ondas, entre vocábulos de nada e de tudo… a sorte é que amanhã é dia livre para mim, possível de um outro silêncio, tal como penso hoje fazer, sem que te dirija uma palavra, talvez já o tivesse feito, pela saudade atrevida. Não faz mal, perdes o tempo irrecuperável, o que lamento, diante de todos os artificialismos.As feições do prazer conduzem-me aos encantos breves, nas folhas da incerteza, ante imagens invisíveis, onde a cruz esconde todo o teu sexo. Sim, o sexo das palavras, os sons que ouvimos e deliramos… naquele tempo acariciei o teu pensamento ancorado pela memória, agora caminho contigo nas tréguas do amor inexplicável.

Porto, 14 de Fevereiro de 2007 – 14:50h

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