Uma flor, suspirando de flores, nas suas últimas cores, de doçura incitando um novo encarne, por colunas ruborizadas, encontro a doçura do lilás, misturando o perfume que trombeteia os lábios sossegados, da epiderme sem som... qual amante profissional que não se passeia na força do desejo pela incerteza. Neste calor de cumplicidade erguem-se campainhas floridas galopando horizontes cinzentos, luzindo no negrume do teu olhar depois da angústia s ter feito perdida.É gelado este delírio, gracioso o pudor dos dias ausentes, onde te encontro num gesto piedoso. Passeio-me no teu sentido, pelos prados e pelos bosques, a um encontro cristalino de alegre correria. É doce o sangue, a música dos jardins deliciosos, é profunda a entrega do mistério, este modo de tomar o momento que se sustenta. Vivo o mesmo sonho desde aquele dia, na verdadeira unidade das almas… sabes que é verdade!O infinito parece-me desesperado, move-se nos seus gigantes mistérios, a sua vida é total, encerra em si a profundeza da harmonia, o poder majestoso da recordação. Penso-te com insatisfação da beleza do sentimento, ao que a voz tende a aspirar, desde as achas para a justificação de estar aqui.Vives entre paradoxos e oráculos da moda a uma bondade instintiva que não serve para nada. Vives nessa graça de mistério sem encanto, ainda que amável, sem amor. Embebedas-te pela ambição, deixas a flor e sonhas no seio do tempo doente! Passo por aqui uns brevíssimos instantes e desiludo a imortalidade consciente, a um outro arremesso de circunstância, onde evocas beijos sem boca. Força impressionante! Deito-me no equinócio da fraqueza e penso-te ainda que em breve confundir na noite sem nome. Deixo-me perder neste mundo perdido, apenas embaciado do toque sem estação… rumo ao esquecimento absoluto! Encontramo-nos lá, tomados da imutável posição, num abraço de noite sem murmúrio. É tangível o redireccionamento a que me submetes, enquanto não chega o derradeiro olhar. Ansioso, falo dos frágeis encantos, daquilo que passa, daquilo que fica inócuo e da verdade que continua a brilhar. Falo-te da beleza mais real… feliz ou nervoso sustento a eterna memória das situações que um dia nos uniram. Foi tão agradável o seu início, ainda que as tuas relíquias se tornem insensíveis. Ejaculei sonhos de princípios mais altos, estes que te deixo nos meus caracteres ao vasto silêncio da memória que se refaz na noite. Imensidade de indiferença, esta que se dissipa depois da fuga ao encontro do próprio desejo. Toda a resistência sucumbe entre destroços irreconhecíveis e o vento distribui a incerteza desta permanência.
10.11.2006 - 18:41h
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