As mesmas palavras, os mesmos ritmos, os mesmos sons… a mesma situação parece repetir-se todos os dias. Confesso estou cansado deste tempo e as imagens matam os meus abraços que se desnudam, quase sem força.Estou com sono, mas bloqueado pelo tempo, pela montra dos desejos que se derrama, em nada.Bebo o cálice da existência que Deus concebeu nas horas sem nome, com as tentações que o silêncio impõe, com as palavras rasgadas do amor sem sentido.O sangue corre, consome-me, parece absorver a frequência do silêncio que se esbate nos espelhos agredidos pelas formas.A tempestade condena o meu corpo e dói-me o peito, a alma… tudo me parece doer! Entendo que seja psicossomático, mas eu não pedi para que assim fosse. O desconsolo apodera-se pelas palavras minadas do vazio que as horas bebem.Todo o sentido parece-me emprestado no seio destas imagens que se vão fazendo sem propósito. Sinto que falta algo e cada vez mais, no decurso dos dias exibem-se frases que me matam a existência. Interrogo-me e blasfemo a caminhada. O único sentido é o não sentido. Parece absurdo! Sim, mas diz-me o que não é absurdo?Os perfumes parece que não funcionam e a tarde bebe a manhã para adormecer na noite.Não tenho paciência… apetece-me dormir! Dói-me a barriga, sei lá, o estômago! Para que servem as dores? Não vejo utilidade alguma, tal como não vejo utilidade na morte e muito menos na vida, uma vez que a vida nega-se a si própria para se tornar morte. É este o sentido? E para que é este sentido? Não terás palavras… depois falarás com uma desculpa, crias um sujeito superior para abafar todas as faltas de resposta! É assim… com este assim não sei lidar. Respeito as posições retrógradas que para nada servem.O segredo adormece na imaginação dos descuidados… enquanto no sótão devolvo a saudade dos meus escritos para o nada que se dispersa no esquecimento.
Porto – 28 de Fevereiro de 2007 – 10:51h
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