Nesta manhã de chuva, no auge do súbito, observo a dança do vento, são lufadas no céu, devoradas num lampejo de tempo. Avanço no instante e a luz lança-me nas sombras comprometidas, com a outra metade do desenho e o sentido que se esbate na tua cara de estranheza. Neste manto matizado de cores, ainda suspiro, deixando arrastar os sentidos e a alegria que regressa na efémera tristeza, mas o regresso continua, doce, adulando-me num inebriante consolo... quase uma paráfrase para novas disposições neste meu sentir. A água surge, fresca e límpida, desce, na sua inocência bebe os reflexos dos contornos, ao mergulho da concupiscência e do alimento antigo. Sei que há muito tempo no tempo, eivando necessidade inelutável, um composto que tentei por processos de decantação, dissociar, só que sem sucesso! Ouço as vozes divinas das águas, entre as folhas das árvores e o chão bordado por beijos que se passeiam… ouço e abraçado a este manto intensifico os meus pensamentos na nudez de uma nova manhã noutro país! Como seria se nos encontrássemos lá? Convido-te às meditações e fico atento ao zelo que imprimes, sem angústia nem solidão, uma vez que a tua totalidade sustenta todo o labor do universo!Lentamente, quase sem ritmo, tento despedir-me da doçura do flagelo do vento e nos meus olhos vazios, destituídos da rapsódia das cores ruborizadas como donzelas, adormeço envolvido com as purezas benfazejas do instante, neste céu intenso… aqui, encontro a imortalidade do infinito, o tempo no tempo sem tempo.
23.10.2006 - 09:21h
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