domingo, 1 de julho de 2007

DEVANEIO E OSTENTAÇÃO

Nesta sombra imaterial, fugidia da brevidade, acrescento beijos aos beijos que um dia me soubeste dar com toda a tua perícia, com toda a tua perfeição… desenho o contraste do esquecimento na folha de papel que possuo na minha secretária. Dadas as circunstâncias, neste momento evoco o teu nome, mais do que uma vez, chamo por ti, perdido no encanto que se ostenta no devaneio do pensamento enquanto a noite me chama.Cada hora que passa torna-se mais inebriante o destino, as palavras que declinam, mesmo depois de uma breve conversa, aquela que soubeste ter comigo, mesmo por breves instantes, mas muito valiosa. Pinturas da memória lançaste, ao encanto da distância que presenteia os momentos incautos, todos os que vivemos juntos.Um sinal no rosto, preenchendo e iluminando as noites que me assaltam... tu com a energia inflexível, mas verdadeira, esculpes toda a minha felicidade e... esta noite passada foi a noite que mais uma vez te observei, desde o primeiro toque ao último. Encontrei a tua grandeza nos olhos castos, na paragem súbita e declinada, entregue aos sabores da pulsão. Este foi o canto da chuva, no abraço invisível, mas decorado por olhos brilhantes e profundos.Essa tua profundidade anseia por outra... ouvi os estalidos cortantes do teu espírito e no refúgio escuro lancei o esquecimento enquanto último prodígio do túmulo da saudade. Lancei para te fazer a vontade e percebi o quanto importante o significado do mesmo em determinado tempo da vida. A amizade é mais que uma palavra e o que escreves só terá valor se entenderes o valor de modo universal, esquecendo o teu umbigo…O suficiente é infinitamente particular e o tempero da vida é a palavra que dita a regra, na sensatez dos sentimentos que tenho por ti. Lembras? Continuo a lançar-te, a oferecer-te a minha dedicação, é das poucas coisas da vida que vale a pena, o resto o tempo se encarregará do transporte para o lugar do absurdo. Não vivo preocupado com isso nem muito menos perdendo tempo com o que não acrescenta nada de precioso. Vivo o presente das coisas todas que me são possíveis e bebo a palavra sentida por ti. O nosso universo tocou-se um dia e as palavras que pareciam exactas são agora o código que activa todo o sistema e fora disto o sentido esvai-se... As respostas são caminhos de cristal, restos de esperança em terra virgem, aquela que nunca foi dita e o mundo não entende, apenas passamos em devaneios ostentados.

19.10.2006 - 17:45h

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