sábado, 16 de junho de 2007

QUAL PALAVRA

Qual palavra, qual momento, talvez ilusão, pura ilusão que ainda dança no meu pensamento, que me dá esperança, tornando-me mudança ou outra coisa que não sei definir. Quero pensar-te mas tenho medo, tenho receio não sei como me comportar, não sei o que dizer, tão pouco o que fazer! Fico perdido no silêncio do meu interior, nas palavras que saltitam ao ritmo das pulsões do meu coração. Sinto algo que não sei definir, algo mais forte, como a vida, como a morte... tenho medo, nada quero estragar, nada quero destruir, apenas tenho que teu nome no meu peito guardar... este é o meu segredo. Calo fundo, engulo fortemente aquilo que já não posso manifestar, guardo dentro de mim, o princípio da outra versão, guardo tudo profundamente, sem uma palavra mais pronunciar, guardo porque convém, para não estragar tudo, e se tudo fosse diferente, era tão belo, tão maravilhoso e a felicidade acontecia, essa mesmo que era autêntica. Não posso! Calo fundo, deixo que avances, eu não posso porque a sentença foi-te dada e engoli, recalquei, a dor que senti e apenas tenho que dizer não ao que tanto gosto. É bom gostar, é bom amar, mas, de cada vez que começo a gostar, a amar, de imediato sou proibido de tal, e transforma-se assim o prazer em desprazer, não porque eu queira, mas porque sou sempre a pessoa errada para quem eu gostei. Interrogo-me naquilo que sou, naquilo que sinto, e o melhor, seria não sentir nada, absolutamente nada e nem ficar tentado ao quer que seja, porque avançar será perder o pouco de belo que ainda existe. Hoje interroguei-me bastante, como desde os outros dias e olhei profundamente a soma das minhas alegrias e vi que é difícil compreender as situações perdidas, olhar a realidade que incomoda, tomar dentro de mim o absoluto, dar sentido ao belo e dizer não ao que devia. Não posso dar a vida ao belo dentro de mim, o belo foge, escapa-me, não o consigo agarrar... os belos momentos não os vivo, penso-os... a menos que pensar seja vida. Sinto que não sou digno do amor, apesar de te ter encontrado... sinto que não tenho o direito de tornar a dizer o que sinto, este meu sentir é somente meu e terá de morrer comigo como tantas outras coisas. A vida é ingrata, tal como o amor... se gosto de alguém, azar o meu, não sou a pessoa escolhida por esse alguém e se gostam de mim, por norma, não gosto! Nunca nada funciona como devia ser, tudo passa ao lado, é o amor banalizado e a felicidade é utopia, porque o todo está em agitação, não existe consciência e o agrado é sempre algo subjectivo. Qual palavra... poderia executar a magia da realidade e essa mesma felicidade tivesse um lugar cimeiro, dentro daquilo a que chamo amor verdadeiro.

30.01.2006 - 22:50h

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