Pensei na carta que te desejara escrever, nos pormenores que poderiam sustentar a nossa realidade, como se alguma coisa ainda fosse possível depois de considerar o grande feito existente. As palavras nunca são de uma relação inteira e como tu dizes, eu sou aborrecido e o sentido da amizade também está fora de questão. Que coisa! Tu és assim, pouco ou nada poderei fazer e as versões podem suscitar diversas interpretações. É interessante conhecer pessoas, muitas parecem-me um obstáculo proibido, até mesmo de olhar; melhor será não olhar porque o olhar chama. O belo por vezes apresenta-se como uma chama de proibições que vai ardendo. O sentido habitual esbate-se no público, numa entrega estranha, difícil de focar os pormenores, quase impossível. Escondemo-nos em lugares no tempo, pelas mais diversas formas, às vezes numa arrogância tremenda. Confesso que cansei de algumas pessoas, pelas suas atitudes descabidas, pela petulância do seu ar no jogo do tempo que se executa pelo pensamento. Pensar por vezes faz mal! Não vivo para os impossíveis mas para o mundo da realidade, claro e transparente, funcional, com gente que está na minha onda. Não me ofereças o absurdo, ele está destituído de conteúdo, o centro da sua relação não é perceptível e aqui, o pensamento perde-se. A situação não fica de todo impensada, o caminho último é a questão, ainda que longínqua.Possuímos objectivos de vida diferentes, talvez iguais, só que radicalmente os questiono, excedendo-me dentro dos meus próprios limites. Evoco a possibilidade inteira, caracterizando uma tentativa de situação, ainda que os títulos não sejam entendidos e a verdade não pulse mais na emoção.As formas substantivadas absorvem-me, sustentam fontes mestras, promessas de grande vida a um jogo tão grande, tão enigmático! O apelo de um pensamento retém-me a tua imagem, desde aquele dia e toda a linguagem ontológica determina a minha posição, como o mais próximo do meu eu.Não me venhas com artifícios dialécticos, exigências ou excessos… escuta apenas a palavra produtiva e assume o fim sem ultrapassagem. Vai embora porque matei a tristeza e o ser desvelou-se no esquecimento dos propósitos. As interpretações a serem feias, foram conduzidas para o reino da filosofia, dissimulando o devir dessa relação, esgotando-se no declínio da possibilidade, sem que a decadência seja considerada. Eis a situação terminal, o fôlego da paz ao fim durável, nas metamorfoses da constelação.
29.11.2006 – 09:45h
1 comentário:
Continuas a ser tu próprio, com a tua forma delineada e com um pensamento lógico que toca na pureza da fina ironia. Sempre tu mesmo! Texto metafórico e onde a antítese marca assídua presença, mas a vida é mesmo preenchida de contradições. Cabe-nos contrariar ainda mais, levando a bom porto as nossas mais instintivas pretensões.
Força! Não podia ir embora sem deixar-te os parabéns pela selecção do video acima. Sim, perdi aqui mais de cinco minutos a observá-lo, mas ganhei uma grande noção de amor que diaramente tento colocar em prática. Simplesmente, lindo!... Abraço!
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