domingo, 1 de julho de 2007

COMUNHÃO DOS SENTIDOS

Mergulhado na antífona do pensamento rompem-se todos os sonhos, as verdades construídas. É neste ponto de focagem que o puzzle é interiorizado, não sei até que ponto a resolução do cubo mágico. A tarefa de o conceber torna-se muito delicada. Todo o discurso que possa ter perante a pseudo-perfeição assume um carácter musical, claro, com o respeito pelas dissonâncias, à pulsão pela intensidade correspondente. No corpo da tua palavra, lavram-se termos, explicitações de conceitos mais apurados, constituindo um poder encantatório que atenua todo o restante do envolvimento. Mergulhado nos teus feitos, pela simetria da frase, da entrega das palavras pela sua cadência, transportas na alma o tecido da literatura, pela própria linguagem, na sua forma tangível, rasgando um outro horizonte de sentido, levado ao limite por esta distância que nos separa.Produzes suavemente desvios no meu olhar, e ao ritmo da escrita original configuras o meu sentido, só pela tua existência, ainda que evoques o princípio da terra e do mar, num sonho criador que aflora da palavra.A síncope que se contrai pela beleza do teu ritmo, confere novo empreendimento ao tempo (este do tempo na vida humana), para uma nova concepção posterior. Neste esquema quase esquelético de palavras, invento-te para uma nova dimensão, desde os sonhos à realidade.A tua imagem é real, entra e sai no sonho, aquele que tracei, após a ultrapassagem do infortúnio. O real foi-me dado pela percepção, deixe-me ficar na atenção e presença ante ele. No apêndice das palavras da galeria da alma, continuo a desenvolver tudo aquilo que um dia te falei, em novas terras, rompendo toda a solidão, agora injectado pela força de continuar a percorrer outros caminhos. Não sou um momento incluso no acaso, talvez a extracção do outro horizonte que se assoma renovando o sentido esquecido do sonho… prossigo o inacabado desvelamento, outrora acordado.A tua expressão resolve o conflito, a solidão do inesperado, aquela situação que me arranca da passividade. A imagem não é mais um obstáculo que tende a vencer, mas sim uma revelação de um nome, o processo de vários caracteres que acompanham a sua contrapartida. A imagem é uma verdadeira flecha, a sua pré-identidade estrutura-se no sonho, no outro pólo da tua vida. Deste modo, a palavra realiza-se, no seu interior, em todo o possível. É motor supeditado a todo o aparecer dos sentidos a leveza do sentir, este envolvimento contigo… ante o sentido puro alberga a diferença, é este embrenhamento lúcido, para uma comunhão dos sentidos, que deixo em aberto, ao serviço do tempo, da eternidade e da ideia.

15.10.2006 – 11:23h

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