sexta-feira, 17 de novembro de 2006

NOITE ABERTA QUE SE ENCERRA

Noite aberta, movimeto azedo, num vazio maior talvez profundo, a uma indiferença total... não sei, talvez isso ou pouco mais.
A alegria de muitas pessoas de modo algum pode ser a minha, hoje mais uma vez passo por aqui. Bebo uma "stout" fresca e interrogo-me uma vez mais, como sempre se tudo começasse de novo. Foi um dia muito cansativo, situações resolvidas e muitos movimentos ficaram activos, poucos pendentes. Agora, por aqui, observo as pessoas que se fazem passear pelos corredores do shopping, maioritariamente comungam do mesmo, eu não, apenas estou desenquadrado e os motivos da minha vida são outros, até parecem não ter sentido, pelo menos nesta sociedade!
O meu antigo sentido foi arruinado e esta sociedade enoja-me em alguns aspectos, talvez tenha de ser eu a mudar, só que a mudança implica eu ser o que não sou! Talvez fosse necessário matar todo o meu ser. Que desgraça se abateu sobre o meu ser... Não sinto mais vontade em pedir um abraço a quem quer que seja e abraços falsos dispenso. Jamais! Que tome a morte todo o meu ser e a paz seja a cinza eterna, no puro descanso inolvidável. Considero-me desvirtuado dos afectos, dos ditos padrões normais de uma sociedade que teima em insistir. Interrogo as clarezas e as lareiras da alma, enquanto não dou o salto do último guindaste. Não sei se vou conseguir...
Hoje vim jantar fora, só, e aqui enquanto tal, penso no futuro deste blog e de todos os outros, com o intuito de os dar por encerrados ou não postar neste espaço. A possibilidade de construção de um outro blog completamente diferente para despejar bem à vontade tudo o que me vai na alma, também considero.
Neste momento sinto-me triste, apesar da alegria que hoje os meus alunos me proporcionaram, entre toneladas de fotos e vídeos... belo o mundo da inocência, de quem é acolhido pela família que compreende e aceita. Hoje sinto um pedregulho no meu peito enquanto a alma se dilata sustentando a imagem inicial. Interrogo-me e dou-me conta de ser um potencial anormal ou um fora da sorte dos afortunados! Hoje precisava de ti, telefonei-te e como normalmente acontece não tens tempo para mim! Um outro café com alguém é sempre mais interessante, mais apetitoso... compreendo, não quero empatar, muito menos me sentir a mais. O meu desejo neste momento era simplesmente chorar a minha sorte. Não insisti nem disse algo que te pudesse incomodar, incomodado já eu estava, apenas deixei circular a situação, duplicando a minha tristeza.
Encontro-me no Parque Nascente, no meio de tanta gente, sentindo-me mais só do que todos os solitários, agora vou ao Jumbo! Estou por aqui, vim postar e ler alguns blogs, mas não me apetece comentar qualquer outro. Não o faço nem o penso fazer em breve!
As crianças choram, gritam... desculpa dizer-te mas confesso que não tenho vocação para ser pai. Jamais! O meu mundo é outro, gosto das crianças no lar das outras pessoas... gosto do que me parece não funcionar... melhor, no mundo em que estou nada funciona, ou tudo é muito complicado e não estou para representações. Apenas quero escrever, tal como o faço todos os dias, ainda que não post aqui, mas despejo nos meus cadernos, em folhas que por vezes vão directamente para a gaveta.
A noite está com mil mistérios, eu apenas estou por aqui, fazendo-me distrair, matar a dor que hoje depois do sono veio visitar-me... tinha estado adormecida durante algum tempo, espero que vá embora e continue bem distante de mim. É assim a noite que fica aberta e que depois se encerra.

Grande Porto (Parque Nascente), 17 de Novembro de 2006 - 22:04h
Samuel, o Ventoso
PS. Nunca esqueço dos meus amigos, ainda que fique no silêncio amordaçador.

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