quinta-feira, 19 de outubro de 2006

O ODOR FRESCO DO LILÁS

A manhã ficou verde, gerada pelas alegrias, onde colei aos horizontes infinitos, tomados do instante virginal! Adula-me a manhã, enquanto os ventos enfunam as cortinas, num golpe sem ruído. Toques finais de um Outono, na face envolvente da estação.
Olhaste-me fixamente os lábios, desenhando um oráculo, na queda das ervas, ante a janela que possibilita o sorriso.
Desfolho a minha verdadeira alegria operada pela mudança, pelos fragmentos da chuva, quase mística, desenhando no chão lágrimas graciosas.
A intenção de cada minuto é um futuro em aberto, com o perfume de flores inocentes… toda a inocência é desprovida de espírito, apenas a doçura se faz estender no tapete da natureza.
O próprio jogo acciona-se num clic, um simples sorriso maroto, por olhos penetrantes e doces. Este cenário aprova o acaso satisfazendo a imaginação… sopra um vento sobre o leito exultante, enquanto gritas alegremente na minha imaginação. São outras histórias, duplicam e reduplicam a força das palavras. Aquela ideia tem-me acompanhado desde as neblinas matinais, aos flocos que caiam, ao céu uniforme, percorrendo o meu corpo todo nu. O mapa do amor desenha-se na nudez… o teu mapa sempre foi um archote para uma floresta de escuridão… as extremidades eram ilhas de beijos que se desenrolavam nos teus braços. Nesta dupla vontade celebrava-se a felicidade possível, a um novo movimento de águas.
No teu palácio explodiam todas as marés, nada fazia mais sentido, tu eras o único sentido! Na tua presença tudo se multiplicava, todas as estações passavam… sempre ficaste!
Os contornos lubrificavam os impulsos verdes e num aplauso inefável surgia o rangido de amor, cuja resposta accionava uma nova primavera, de anseios verdes. As nuvens foram divididas e o teu entendimento repousou na relva húmida, num abraço até ao mais fundo de mim.
Mudança de posições, torres enfraquecidas, uma nova montanha e as fronteiras acasalaram o medo inicial. Sempre soubeste do que te falara todas as vezes… o meu tacto dedilha a tua mente e nas orlas da ilha do teu sentir, dou passagem às águas mornas do grande mapa que um dia pisamos. Recordo-te!
Estou em tempo de lua nova, sulcado pelos tempos meteorológicos, junto a superfície do azul, acciono as linhas pautadas e neste fogo ardente, escrevo-te um poema, ainda que não o leias, são florações do último gesto, o gesto de cada vez.
A causa da vida excita-me o momento enquanto grito de declaração e neste convite de cenário demasiado perto, sem medo, com aprazível excitação, deixo-te a miragem ou a realidade de uma só noite, para que rememores as belas perspectivas de um infinito gesto, este que se sustenta no verde e no azul dos devaneios.
Este é o gracejo de todas as cores, incitando um movimento imóvel, ao Outono, em transmutação colorativa… cores desoladas da estação, dando gloriosa ilusão, a um mosaico diferente, com pombas a arrulhar.
Este odor fresco do lilás inspira-me, espelha-me a tua beleza, única, para mim ausente de imperfeição! Benfazeja energia, do pulsar irregular, nas folhas que se semeiam pela entrega, na doçura das mil vozes da harmonia… é neste murmúrio poderoso que sobressaem as belas e profundas recordações do prazer da existência.
Deixo-te todos os sabores, de carícias derramadas como vinho inebriante, apertando a força do misterioso equinócio, a relíquia e as delícias das horas mais livres. Eis que a luz se fez brilhar e feriu os olhos, deixando-me ansioso face às tuas novas revelações que despedaçam a fragilidade da própria graça.

Post Scriptum:
Ao “Desabafos”, “Boyzitu, “Versalidades”, “Regressa a mi”, “Gaybriel”Com a minha dedicação, a estima única e inigualável, aos amigos excelentes que muito gosto e que muito têm privado comigo. Obrigado por gostarem bastante de mim. Adoro-vos e deixo aqui aquele abraço do tamanho do infinito. Nunca vos esquecerei!
Do sempre amigo, Ventoso.


Porto, 19 de Outubro de 2006 – 19:19h
Escrito no Centro Comercial - Via Catarina – no Mc Donald’s
Samuel Bastos Ventoso

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